O construtivismo sob as lentes da dialética
hegemonia pedagógica, desigualdades estruturais e a falência do modelo escolar brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.70597/vozes.v12i27.726Resumo
Este artigo, configura-se como um ensaio teórico, baseado na revisão crítica da literatura sobre o construtivismo, analisa teoricamente a hegemonia do construtivismo na educação brasileira, destacando suas limitações diante das desigualdades estruturais do país. A análise fundamenta-se em autores clássicos e contemporâneos, além de dados estatísticos recentes sobre a realidade educacional do país, como se pode verificar mais adiante Embora fundamentado em teorias de Piaget, Vygotsky e Emilia Ferreiro, o modelo tem sido aplicado de maneira acrítica, ignorando a precariedade da infraestrutura escolar e a insuficiente formação docente. A ênfase na autonomia discente, sem mediação estruturada, tem aprofundado as desigualdades educacionais, beneficiando alunos de classes privilegiadas enquanto prejudica aqueles em contextos vulneráveis. Além disso, a descaracterização do papel docente e a fragmentação curricular comprometeram a efetividade da abordagem. O artigo propõe a superação da monocultura construtivista por meio de um pluralismo metodológico que valorize tanto a transmissão sistemática do conhecimento quanto a mediação pedagógica qualificada, articulando o ensino às realidades socioeconômicas do Brasil.
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