O sertão é o Brasil: releituras sócio-históricas de Grande Sertão Veredas
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.7043678Palavras-chave:
Guimarães Rosa, Sertão, Brasil, Formação NacionalResumo
O artigo apresenta a importância da obra Grande Sertão: Veredas (1956) de Guimarães Rosa em dois sentidos presentes em sua fortuna crítica: primeiramente resgata a leitura canônica do romance que evidencia sua relevância linguística, bem como os componentes existenciais e metafísicos. Nesse sentido, o sertão tomado como totalidade permite ao leitor refletir também sobre a totalidade do mundo. Em segundo lugar, elenca as principais releituras feitas na virada da década de 1990 para os anos 2000, as quais privilegiam os elementos sócio-históricos elaborados pelo autor no romance que, por sua vez, contribuem para a compreensão dos desafios da sociedade brasileira da primeira metade do século XX. Esses dois movimentos formam o núcleo do artigo, antecedido por uma introdução que sugere o entendimento de que o romance de Guimarães Rosa pode ser tomado como continuidade, ainda que com particularidades, da tradição da literatura empenhada analisada por Antonio Candido. O objetivo do artigo consiste em mostrar que o sertão de Rosa, no qual o “jaguncismo” é superado e, ao mesmo tempo, mantido, pode ser visto como expressão do Brasil, cuja formação nacional se dá sem que se superem os aspectos que vem do passado.
Referências
Arantes, P. 1992. Sentimento da dialética na experiência intelectual brasileira. Dialética e dualidade segundo Antonio Candido e Roberto Schwarz. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Bolle, W. 1994. Fisiognomia da metrópole moderna. Representação da história em Walter Benjamin. São Paulo: EDUSP.
Bolle, W. 1995. Grande Sertão: Cidades. Revista USP. São Paulo, n. 24, p. 80-93.
Bolle, W. 1998. O pacto no Grande Sertão – Esoterismo ou lei fundadora?. Revista USP. São Paulo, n. 36, p. 26-45.
Bolle, W. 2004. grandesertão.br: o romance de formação do Brasil. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34.
Candido, A. et al. 1980. Debate do artigo Cinema: trajetória no subdesenvolvimento de Paulo Emílio Sales Gomes. Revista Filme e Cultura. Rio de Janeiro. n. 35/36, p. 2-20.
Cadernos de Literatura Brasileira. 2006. João Guimarães Rosa. Edição Especial, n. 21 e 22. São Paulo: Instituto Moreira Sales.
Candido, A. 1956. Grande Sertão: Veredas. Estado de São Paulo. Suplemento literário. Disponível em: https://www.amlef.com.br/2019/02/antonio-candido-escreve-sobre-grande.html Acesso: 17/02/2020.
Candido, A. 1977. Jagunços mineiros de Cláudio a Guimarães Rosa. In: Vários Escritos. 2 ed. São Paulo: Livraria Duas Cidades, p. 133-160.
Candido, A. 1989. A nova narrativa. In: A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ed. Ática.
Candido, A. 1999. Iniciação à literatura brasileira: resumo para principiantes. 3. ed. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP.
Candido, A. 2000. O homem dos avessos. In: Tese e Antítese. Ensaios. 4 ed. São Paulo: T. A. Queiroz.
Candido, A. 2002. Nota de crítica literária – Sagarana. In: Textos de Intervenção. Seleção, apresentação e notas de Vinícius Dantas. São Paulo: Duas Cidades: Ed. 34, p.183-189.
Candido, A. 2009. Formação da literatura brasileira. momentos decisivos. 1750-1880. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: FAPESP.
Carvalho, C. A. B. 2016. Antonio Candido e a fortuna crítica de Guimarães Rosa. A recepção de Grande Sertão: Veredas. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências e Letras. Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários. UNESP, Araraquara.
Chagas, P. R. D. 2014. Sobre a origem histórica da diversidade do romance brasileiro contemporâneo. Uma leitura de Quarup como “romance de arquivo”’. Brasiliana. Journal for Brazilian Studies. Londres, vol. 3, n. 1, p. 237-264.
Corpas, D. S. 2006. O jagunço somos nós. Visões do Brasil na crítica de Grande Sertão: veredas. Tese de Doutorado. Faculdade de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras. UFRJ, Rio de Janeiro.
Costa, D. 1957. No mundo da ficção. Revista Leitura. Rio de Janeiro, v. 1, n. 1 a 16, jul. a dez.
Franco, R. B. 1998a. Itinerário político do romance pós-64: A Festa. São Paulo: Fundação Editora UNESP.
Gagnebin, J. M. 2013. História e narração em Walter Benjamin. 2 ed. São Paulo: Perspectiva.
Galvão, W. N. 1972. As formas do falso: um estudo sobre a ambiguidade no Grande sertão: veredas. Coleção Debates n. 51. São Paulo: Perspectiva.
Gomes, P. E. S. 1996. Cinema, trajetória no subdesenvolvimento. 2ª ed. São Paulo: Paz e Terra.
Kropf, S. P. 1996. Manoel Bomfim e Euclides da Cunha: vozes dissonantes aos horizontes do progresso. Manguinhos.Rio de Janeiro, v. III, n. 1, p. 80-98.
Pasta Jr., J. A. 1999. Temas do Grande sertão e do Brasil. Novos Estudos Cebrap. São Paulo, n. 55, p. 61-70.
Pellegrini, T. 1996. Gavetas Vazias. Ficção e política nos anos 70. São Carlos: EDUFScar/Mercado de Letras.
Revista Leitura. 1957. Concedido o prêmio “Machado de Assis” ao escritor Guimarães Rosa. Revista Leitura. Rio de Janeiro v. 1, nrs. 1 a 16, jul. a dez., 1957.
Revista Leitura. 1958. Escritores que não conseguem ler ‘Grande Sertão: Veredas’. Revista Leitura. Rio de Janeiro, n. 16, outubro.
Roncari, L. 2004. O Brasil de Rosa: mito e história no universo rosiano: o amor e o poder. São Paulo: Editora UNESP.
Rosa, G. 2001. Grande Sertão: Veredas. 19 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Schwarz, R. 1981. A sereia e o desconfiado. Ensaios críticos. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Sevcenko, N. 1999. Literatura como missão. Tensões sociais e criação cultural na Primeira República. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense.
Souza, E. N. F. 2016. ‘Você é a Dora? Eu sou Guimarães Rosa’: Encontros míticos do escritor mineiro com a poeta paulista Dora Ferreira da Silva. Em Tese. Belo Horizonte, v. 22, n. 2, p. 157-174.
Starling, H. M. M. 1998. O sentido do moderno no Brasil de João Guimarães Rosa – Veredas de política e ficção. Scripta. Belo Horizonte, v. 2, n. 3, p. 138-146.
Starling, H. M. M. 1999. Lembranças do Brasil: teoria política, história e ficção em Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Revam; UCAM; IUPERJ.
Vasconcelos, S. G. T. 2002. Homens provisórios: coronelismo e jagunçagem em Grande sertão: veredas. Scripta. Belo Horizonte, v. 5, n. 10, p. 321-333.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Revista Espinhaço
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.