A transição para o trabalho livre no nordeste de Minas Gerais: o ferroviário BAHIMINAS
DOI:
https://doi.org/10.70597/vozes.v13i28.1079Palavras-chave:
Escravidão, Ferroviários Bahiminas, Comunidade Margem da LinhaResumo
O artigo tem como objetivo analisar o processo de transição do trabalho escravizado na Estrada de Ferro Bahia e Minas (EFBM), empresa ferroviária que operou no nordeste de Minas Gerais entre os anos de 1881 e 1966. Busca-se compreender de que maneira a ferrovia, símbolo da modernidade capitalista na região, lidou com a herança escravista nas suas relações laborais. A pesquisa foi desenvolvida por meio de revisão bibliográfica sobre a história e a organização do trabalho na EFBM, articulada a entrevistas semiestruturadas realizadas com ex-ferroviários e seus familiares residentes ou descendentes do Remanescente Quilombola Margem da Linha, situado na zona urbana de Teófilo Otoni. Os resultados indicam que a empresa adotou um modelo híbrido de relações de trabalho, no qual práticas capitalistas de assalariamento coexistiam com elementos herdados da escravidão, revelando a permanência de estruturas sociais e simbólicas do período escravocrata mesmo em um contexto de modernização.
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