Polinizadores e visitantes florais da Cadeia do Espinhaço: o estado da arte

Autores

  • Steffani Najara de Pinho Queiroz
  • Marco Aurélio da Cunha Moreira Pacheco
  • Luís Paulo Sant’ana
  • Camila Cristina da Cruz
  • Cristhian Nathan Silva Oliveira
  • Yrllan Ribeiro Sincurá
  • Amanda de Oliveira Baracho
  • Julya Pires Souza
  • André Rodrigo Rech

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.3952802

Palavras-chave:

Chapada Diamantina, polinização, Serra do Cipó, Cadeia do Espinhaço

Resumo

Os estudos de biologia da polinização são fundamentais para entender a evolução e a manutenção da biodiversidade, devido as suas implicações na reprodução das angiospermas, na manutenção das comunidades de polinizadores e na produção de alimentos. A “Cadeia Montanhosa do Espinhaço”, que se estende do centro/sul de Minas Gerais ao centro/norte da Bahia - Brasil, uma região com importância reconhecida devido aos seus elevados níveis de endemismo da fauna e flora. Apesar disso, a Cadeia do Espinhaço sofre diversas pressões antrópicas que colocam em risco sua biodiversidade, as interações ecológicas e, consequentemente, os serviços ecossistêmicos, como a polinização. Visando quantificar o estado atual do conhecimento acerca das interações planta-polinizador nos campos rupestres da região da Cadeia do Espinhaço, foi feita uma pesquisa de cunho bibliográfico, levantando os estudos de visitação floral e polinização desenvolvidos ao longo dessa cadeia de montanhas. Foram encontrados 52 trabalhos, desenvolvidos entre os anos 1975 e 2016, dos quais 27 estudos foram realizados na porção Meridional da Cadeia do Espinhaço, 27 na porção Setentrional e três nos quais não foi possível determinar a localização. Os dados estão polarizados ao sul e ao norte da Cadeia do Espinhaço, tornando a região central uma grande lacuna de conhecimento. Essa polarização pode se relacionar com diversos fatores, incluindo melhor acessibilidade e presença de instituições de ensino e programas de pesquisa nas áreas. As abelhas foram os visitantes florais com maior número de estudos realizados (44%), seguido de beija-flores (17%). A frequência de estudos com abelhas e beija-flores pode estar associada não só a sua prevalência natural, mas também à maior ocorrência de grupos de pesquisa com enfoque nestes grupos taxonômicos de visitantes na região. Das 50 famílias com dados de visitação floral, 16% são Fabaceae e 10,5% Asteraceae, resultado esperado, pois essas famílias são abundantes na área de estudo. Além disso, percebeu-se uma representação desproporcional das famílias botânicas no estudo e sua representatividade nos campos rupestres de Minas Gerais e Bahia. Por fim, a Cadeia do Espinhaço carece de programas estratégicos, multidisciplinares e sistematizados de pesquisa de longa duração envolvendo múltiplas espécies para uma maior compreensão da riqueza local e subsídio ao desenvolvimento de medidas de conservação da biodiversidade na região.

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Publicado

12/06/2018

Como Citar

Queiroz, S. N. de P., Pacheco, M. A. da C. M., Sant’ana, L. P., Cruz, C. C. da, Oliveira, C. N. S., Sincurá, Y. R., Baracho, A. de O., Souza, J. P., & Rech, A. R. (2018). Polinizadores e visitantes florais da Cadeia do Espinhaço: o estado da arte. evista Espinhaço, 7(2). https://doi.org/10.5281/zenodo.3952802

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