À Margem de Irapé: consequências da barragem no rio Jequitinhonha uma década após sua implantação

Autores

  • Pedro de Carvalho Costa
  • Flávia Maria Galizoni

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.3937478

Palavras-chave:

Vale do Jequitinhonha, Comunidades camponeses, UHE Irapé

Resumo

Este artigo buscou sintetizar o significado de um projeto desenvolvimentista para a população dos municípios atingidos pela Usina Hidrelétrica de Irapé (UHE), uma década após o início do seu funcionamento. A área alagada pela represa da UHE de Irapé atingiu sete municípios do alto curso do Rio Jequitinhonha, Nordeste de Minas Gerais, levando ao remanejamento de aproximadamente cinco mil pessoas e afetando outros milhares de habitantes das margens do lago. A longa resistência da população atingida resultou na conquista de direitos fundamentais no processo de remanejamento, mas não impediu as perdas socioeconômicas, culturais e políticas significativas ocasionadas no violento transcurso de implantação da obra; esta procurou-se legitimar pela justificativa da promoção de desenvolvimento para o vale do Jequitinhonha. A partir de metodologia qualitativa, buscou-se identificar consequências do empreendimento por meio de entrevistas com representantes de diferentes setores da sociedade. As narrativas foram analisadas e organizadas para sistematizar o complexo objeto estudado. A presença da represa alterou as relações da população com os recursos naturais, gerou frustração de diferentes segmentos sociais com relação a possibilidades de desenvolvimento, e colapso da forma de organização de vida de grupos camponeses.

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Publicado

06/13/2020

Como Citar

Costa, P. de C., & Galizoni, F. M. (2020). À Margem de Irapé: consequências da barragem no rio Jequitinhonha uma década após sua implantação. evista Espinhaço, 9(1). https://doi.org/10.5281/zenodo.3937478

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