Riscos ambientais, percepção e adaptação em zonas costeiras: o caso de Ilha Comprida
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.3966188Palavras-chave:
metodologia qualitativa, adaptação, percepção ambiental, riscos ambientaisResumo
A proposta deste trabalho é verificar quais grupos populacionais estão expostos aos riscos ambientais do município de Ilha Comprida, localizado no litoral Sul de São Paulo, considerando principalmente o perigo decorrente da erosão costeira que ocorre na parte Norte da Ilha. A metodologia utilizada para relacionar riscos ambientais já existentes e/ou agravados pelas mudanças ambientais e suas consequências para populações que vivem nesta área costeira foi, por um lado, a construção de um arcabouço conceitual, através de levantamento e análise bibliográfica sobre a temática dos riscos ambientais, vulnerabilidade e adaptação. Por outro lado, a utilização de métodos quanti-quali a partir dos dados dos Censos Demográficos (2000 e 2010) e da realização de entrevistas qualitativas, através de questionários semiestruturados. As entrevistas com a população residente levaram em consideração a localização da residência (considerando a distância em relação à linha da praia), percepção dos problemas ambientais da Ilha, estratégias para lidar com esses perigos e a percepção sobre a responsabilidade do poder público em casos de ocorrência de desastres. O estudo da percepção ambiental dos perigos e a vulnerabilidade sociodemográfica dessa população são elementos chaves para a compreensão do envolvimento das pessoas com o lugar e as suas estratégias de enfrentamento para lidar com os perigos ambientais do município. A pesquisa empírica mostrou que alguns moradores relacionam as mudanças ambientais da ponta da Ilha (também) às mudanças climáticas, sendo que de forma geral todos conhecem a interferência do Mar Pequeno no fenômeno de erosão da praia. Outros problemas ambientais foram apontados pelos moradores como sendo mais graves do que a erosão, pois estes atingem toda a população do município, como por exemplo, a poluição do rio Candapuí, a falta de saneamento e coleta de esgoto, atolamento de carros nas ruas não asfaltadas e problemas com a coleta do lixo. As estratégias de enfrentamento dos problemas ambientais que os moradores vivenciam no Norte da Ilha são individuais e não coletivas. Não ocorrem ações conjuntas, por exemplo, entre residentes e veranistas, já que o vínculo deles com o lugar é diferente, o que dificulta uma solução mais ampla e efetiva por parte administração pública para enfrentar os problemas ambientais do município.
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