“Casas Esquecidas, Viúvas Nos Portais”: A decadência socioeconômica e a condição demográfica do município de Ladainha-Mg no período pós-ferroviário

Autores

  • Sérgio Lana Morais
  • Erick Vinicius Pereira Lopes
  • Rodrigo Corrêa Teixeira
  • Sandro Laudares

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.14501011

Palavras-chave:

Estrada de Ferro Bahia e Minas, Ladainha-MG, Vale do Mucuri, fim da linha

Resumo

O município de Ladainha, localizado na Região Geográfica Imediata de Teófilo Otoni-MG, foi durante décadas um dos principais entrepostos logísticos da Estrada de Ferro Bahia e Minas, ferrovia que possui grande importância no imaginário da população dos vales do Jequitinhonha, Mucuri e do extremo sul da Bahia, ainda que seus trilhos tenham sido arrancados no ano de 1966. Amparado por fontes documentais, análise de dados demográficos e socioeconômicos e em entrevistas com um grupo de ferroviários ladainhenses que vivenciou o fim operacional da “Bahiminas”, realiza-se uma caracterização geo-histórica e uma análise das mudanças proporcionadas na paisagem urbana com a chegada dos trilhos. Ademais, discorre-se acerca do “último trem” que, metaforicamente, conduziu centenas de ladainhenses rumo ao desconhecido em virtude do fim da linha na região. Na sequência, avalia-se acerca da estagnação econômica e demográfica do município no período pós-ferroviário, fenômeno que ainda hoje promove impactos na paisagem local. Por fim, o estudo destaca a necessidade de revisitar os efeitos históricos e sociais da desativação da ferrovia para compreender as dinâmicas atuais de decadência que deixou marcas profundas nos ferroviários e na população local, evocando sentimentos topofóbicos e influenciando negativamente a percepção coletiva sobre o futuro da cidade.

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Publicado

12/16/2024

Como Citar

Morais, S. L., Lopes, E. V. P. ., Teixeira, R. C. ., & Laudares, S. . (2024). “Casas Esquecidas, Viúvas Nos Portais”: A decadência socioeconômica e a condição demográfica do município de Ladainha-Mg no período pós-ferroviário. evista Espinhaço, 13(1). https://doi.org/10.5281/zenodo.14501011

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