Distribuição espacial dos centenários no Brasil: uma análise exploratória da qualidade dos dados dos censos de 2000 e 2010
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.3958091Palavras-chave:
Centenários, distribuição espacial, qualidade dos dados, microrregiões, censo demográfico, BrasilResumo
As últimas décadas testemunharam o rápido crescimento da população de centenários, pessoas com 100 anos e mais, em algumas regiões do mundo. O número estimado de centenários em países desenvolvidos duplicou a cada década a partir de 1950 (UN 2005). No Brasil, os centenários ainda compõem uma parcela muito pequena da população total. Em 2000, havia 24.576 centenários no país, ou 1,44 centenários por 10.000 pessoas, segundo dados do censo demográfico. Já em 2010, houve uma redução no número de centenários recenseados, tanto em número absoluto quanto em proporção, passando para 24.236 centenários, ou 1,27 centenários por 10.000 pessoas (IBGE 2000; 2010), o que sugere a existência de problemas nos dados divulgados dos censos demográficos. Apesar do empenho do IBGE em aperfeiçoar os dados censitários ao longo das últimas décadas, ainda existem problemas relacionados à exatidão das informações. Dois tipos básicos de erros podem acontecer nos recenseamentos dos dados populacionais. O primeiro se refere à contagem da população associado à má cobertura do censo, seja por omissão ou por duplicidade de um indivíduo. O segundo erro decorre de falhas nas declarações de idade, em função da omissão da informação ou declaração errônea. Na busca por elementos que apontem para possíveis erros nos censos demográficos, o presente estudo apresenta uma análise exploratória da distribuição espacial dos centenários no Brasil por microrregião em 2000 e 2010. Ainda, busca-se avaliar a distribuição espacial da razão da população com 100 anos e mais e a população com 85 anos e mais no Brasil, comparativamente entre diferentes partes do Brasil e, também, com informações coletadas em países reconhecidos pela boa qualidade nos registros. Os resultados fornecem elementos sobre a qualidade dos dados dos Censos Demográficos para as pessoas com 100 anos e mais no Brasil para 2000 e 2010 e, em alguma medida, contribuem para o entendimento da distribuição espacial dos centenários no país.
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